quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Não sabe , a gente te conta : Tire sete dúvidas relacionadas à suspensão da menstruação !!!!



Ao longo da história, as mulheres já conquistaram muitas coisas. O direito ao voto, ao estudo, ao prazer e, recentemente, algumas delas tem descoberto outro: o de não menstruar. Tida como difícil e dolorosa para uma parcela das mulheres, a suspensão deste período pode significar alívio e até mesmo o tratamento males da saúde feminina, como miomas e cistos de ovário.


A medida divide opiniões. Há mulheres se sentem mais femininas durante a
menstruação. Também há profissionais que alegam que a menstruação pode ser um bom canal para saber como está a saúde feminina, já que o sangramento irregular pode significar problemas nas glândulas tireoide e suprarrenal.

Hoje, segundo o ginecologista Rogério Bonassi Machado, a Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) não vê prejuízos orgânicos em suspender a menstruação. No entanto, vale ressaltar que não existe a necessidade de bloqueá-la em todos os casos, cabendo à mulher e ao seu ginecologista de confiança a livre escolha, independente do critério utilizado para a decisão.

Para esclarecer as muitas dúvidas que rondam o processo de suspensão da menstruação, chamamos os ginecologistas Ângela Maggio da Fonseca, do Hospital das Clínicas da USP, Antônio Júlio Sales Barbosa, do Hospital Santa Catarina, Carolina Abrogini, da Unifesp, e Rogério Bonassi Machado, ginecologista e presidente da comissão de anticoncepção da Febrasgo.
Cólicas intensas - Getty Images
1.Qualquer mulher pode suspender a menstruação?

Qualquer mulher que se sente incomodada com a menstruação, de alguma forma, pode procurar o seu ginecologista e expor seu desejo. "Tem pacientes com menstruação muito desconfortável, que sangram muito, têm muita cólica [a chamada dismenorreia],
TPM forte. Para elas, por que não? Minimiza muito esses desconfortos e sintomas", diz Antônio, entusiasta.

Outras podem, ainda, ter anemias. Com o fluxo intenso, nem sempre elas conseguem repor o sangue perdido até o próximo ciclo. Nesses casos, a sugestão pode vir do próprio médico e, se não vier, a paciente tem o direito de conversar com o ele sobre o assunto, lembra Ângela.

Até mesmo quem acabou de ter
filhos pode dar tchau para os sangramentos. Por causa da grande quantidade de progesterona, mulheres que estão amamentando ficam, naturalmente, com o seu período suspenso. Antônio conta que esse pode ser um dos períodos mais propícios para suspender a menstruação, já que a mulher, naturalmente, não menstrua nessa época. Com uma pílula a base de progesterona, a mulher prolonga o período sem sangramento.

No entanto, algumas devem tomar cuidado. Mulheres com problemas de coagulação, por exemplo, devem ter cuidado com a pílula, que pode agravar os problemas de circulação. Quem tem pouco fluxo de menstruação também deve repensar. "O hormônio já está inibindo demais o endométrio [membrana que reveste o útero], então o ideal é não interromper a menstruação", aconselha Ângela.

2.Há restrição de idade?

A idade varia muito, mas, segundo Barbosa, a partir do momento em que a moça já faz uso de anticoncepcionais por via oral, já é possível parar a menstruação. Ângela acrescenta, dizendo que é aconselhado que apenas utilize os métodos aquelas que já estão com seu sistema reprodutor amadurecido, o que acontece, geralmente, após a puberdade. É importante frisar que, antes de iniciar qualquer método contraceptivo, o ginecologista deve ser procurado para indicar o mais adequado, caso o corpo da adolescente esteja pronto.

3.Quem tem mioma, endometriose ou cisto no ovário pode se beneficiar com a suspensão?

Não só pode, como o tratamento dessas doenças, muitas vezesm envolve a suspensão da menstruação. No caso do mioma, onde há problemas de sangramento intenso, pode-se utilizar a pílula anticoncepcional sem pausas. Atenção: para o tratamento dessa doença, a
pílula não pode ser de hormônios combinados (estrogênio e progesterona), mas só de progesterona, já que o mioma é uma condição que depende de estrogênio para sobreviver. Quando ele é muito grande, também se usam injeções de análogos.

Mulheres portadoras de endometriose podem usar pílulas que combinam os hormônios femininos, assim como injeção. A ginecologista Carolina Ambrogini, da Unifesp, explica que a
endometriose é uma condição onde o endométrio da mulher se encontra fora de seu útero, podendo estar na tuba uterina e até no intestino. Quando o endométrio descama (ou seja, o processo da menstruação), a mulher sente dor. Por isso a interrupção representa uma alternativa para a portadora dessa doença.

Para aquelas que têm cistos no ovário, diz Ângela, o cisto murcha e pode até sumir com o tratamento com base na suspensão da menstruação. Lembrando sempre que o processo deve ser acompanhado de perto pelo seu ginecologista de confiança.
Pílula anticoncepcional - Getty Images
4.Quais são os métodos disponíveis para realizar a suspensão?
Em geral, eles funcionam de maneira parecida. A administração contínua de hormônios - alguns apenas de progesterona, outros com a combinação dele com o estrogênio - interrompe a menstruação, que só virá caso haja pausa do método. Para decidir qual é o melhor para você, consulte o seu médico. Juntos, vocês decidirão qual melhor se encaixa em seu perfil. Conheça os métodos disponíveis:

- Pílulas anticoncepcionais sem interrupção: é o método mais barato de todos, mas seu uso, assim como os demais, depende do acompanhamento médico. Para suspender a menstruação, você pode usar tanto pílulas comuns quanto especiais - a escolha dependerá de como o seu organismo reage a cada opção. Por isso, mais uma vez, a presença de um médico de sua confiança é fundamental. Esse método, como já dito, não pode ser utilizado por mulheres com problemas de coagulação, alerta a ginecologista do HC, já que as pílulas podem levar à trombose.

"Há pessoas que acham que é preciso fazer a pausa a cada três meses. Isso não existe", defende Barbosa, que explica que, na verdade, o sangramento da pausa da pílula é meramente artificial. O sangramento só acontece porque, enquanto a mulher recebe a carga hormonal vinda da pílula, o endométrio vai se espessando. Quando há a retirada dos hormônios (estrogênio e progesterona), há o descamamento do endométrio e, logo, o sangramento. Mas isso é um processo artificial, já que o hormônio vem da pílula.

Ao contrário do que pode se pensar, o endométrio não continuará se espessando com o tempo de uso do método hormonal. Segundo Carolina Ambrogini, a progesterona acabará atrofiando o endométrio, e a única consequência disso é a diminuição do fluxo menstrual.

Assim, conclui Antônio Júlio Sales Barbosa, para uma mulher que já faz uso de anticoncepcionais por via oral, não há grandes alterações em simplesmente deixar a pausa de lado.

- Injeção: esse método consiste em injeções mensais ou trimestrais de análogos dos hormônios liberadores de gonadotrofinas (que são hormônios que estimulam a produção de estrógeno, progesterona e testosterona). As aplicações inibem demais a produção de hormônios e, como efeito colateral, podem diminuir a massa óssea. Por isso, Ângela não aconselha que sejam utilizadas por muito tempo e lembra que não é o método mais indicado para mulheres jovens. No entanto, é frequentemente usado no tratamento de miomas, cistos de ovário e endometriose. Seu preço varia de 400 a 500 reais.
DIU - Getty Images
- Implantes subcutâneos: é colocado um pequeno implante no antebraço, próximo ao cotovelo - região com pouca irrigação sanguínea. Ele libera quantidades de hormônio continuamente, durante três anos. Após esse período, lembra Barbosa, deve ser trocado. O procedimento é feito em consultório com anestesia local. Suas contraindicações são as mesmas de qualquer outro método contraceptivo hormonal, que incluem tabagismo e problemas de coagulação.
- DIU com progestógenos:
o DIU, assim como o implante subcutâneo, libera doses contínuas de hormônios, mas durante cinco anos. Em geral, é colocado em consultório, mas, da mesma forma que o DIU de cobre (que tem apenas ação espermicida), o procedimento pode ser um pouco doloroso. "Em algumas pacientes mais sensíveis a dor, pode ser necessário colocar em hospital, com anestesia, mas a maioria suporta", explica o ginecologista do Hospital Santa Catarina. Depois dos cinco anos, completa Ângela, o DIU é retirado e, após a realização de alguns exames, colocado novamente, se a paciente desejar. No entanto, esse é um procedimento mais caro: em média, varia de 1500 a 2000 reais.

ginecologista Rogério Bonassi Machado também lembra que esse método não é tão indicado para mulheres com mioma no útero e infecções uterinas, já que o DIU poderá agravar os casos de infecção e, no caso de algum mioma, é tecnicamente impossível colocá-lo. Mas, mais uma vez, a avaliação médica é necessária para determinar a viabilidade do método.

- Ablação do endométrio: indicada para mulheres já próximas da menopausa e com prole constituída, que possuem hemorragias de causa indefinida. Essa técnica remove por completo o endométrio, o que elimina, de vez, a menstruação. Apenas o médico pode recomendar a ablação do endométrio, já que seus efeitos são irreversíveis: a mulher que é submetida a esse método não poderá mais engravidar.

5.Esses métodos são seguros?


Embora não ofereçam riscos à saúde, a garantia de que a menstruação será suspensa não existe, independente do método escolhido. "Existe uma margem de 10 a 15% de mulheres que não conseguem se adaptar e, mesmo usando algum método, continuam menstruando", explica Barbosa, que lembra que existem os chamados "spots", menstruações ocasionais que podem acontecer.
Espinhas - Getty Images
Além disso, no caso do uso da pílula, o sucesso depende da disciplina da paciente. "A paciente com problema é a que toma cada dia em um horário ou esquece de tomar. A pílula pode falhar quando não existe controle", comenta Ângela.
6.Quais são os possíveis efeitos colaterais?


O uso de alguns métodos implica em efeitos colaterais, como é o caso da pílula. Para quem já está acostumada com ela, são os mesmos possíveis incômodos: retenção de líquido, possibilidade de aumento de peso e da oleosidade da pele, espinhas, diminuição da libido etc. Esses três últimos efeitos, explica o ginecologista do Hospital Santa Catarina, estão relacionados aos efeitos androgênicos dos hormônios masculinos, que podem se manifestar com algumas pílulas.

A boa notícia é que, hoje, há muitas pílulas disponíveis no mercado. A ginecologista do Hospital das Clínicas conta que, quando uma apresenta tais efeitos na paciente, o médico faz a mudança, trocando para alguma que, por exemplo, tenha efeitos antiandrogênio, para combate às espinhas, ou com progestógeno mais diurético, caso a paciente engorde muito. Mas tudo isso depende do acompanhamento profissional.

Há especialistas que associam a inserção de hormônios femininos vindo destes métodos e o aumento da possibilidade de câncer. Barbosa garante que não há relação comprovada entre o uso de anticoncepcionais e câncer. No entanto, alguns estudos já mostram a relação do
câncer de mama com o aumento de estrogênio. "Mas isso é um fator isolado, só para quem tem predisposição genética", afirma o profissional.

7.Quem resolve parar de menstruar pode, mais tarde, ser mãe?

Sim. O uso de métodos contraceptivos serve para, justamente, bloquear a ovulação. Isso acontece porque eles deixam o ovário em repouso, sem ovular, o que impede a gravidez. Assim, quando o método é suspenso, o ovário retorna a seu trabalho, que é ovular.

Quando uma mulher usa algum método anticoncepcional por muito tempo, seu ovário fica um longo período em repouso. Para que ele volte ao normal, estima a dupla de especialistas, é necessário de dois a quatro meses. "Pode haver a dificuldade em alguns casos raros, mas com tratamento à base de hormônios ou indução de ovulação, se resolve", arremata Ângela, que lembra que, geralmente, as que não tiveram problemas na suspensão não terão problemas posteriores de ovulação. 
 

Fonte : Lucineide medeiros

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