Faltam nove dias para o contribuinte brasileiro finalmente começar a
trabalhar para si próprio. Neste ano, são praticamente cinco meses —um
dia a mais que no ano passado, já que 2012 é bissexto— somente para
pagar tributos (impostos, taxas e contribuições) ao governo, aponta
estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) obtido
pelo GLOBO. Se morasse na Argentina ou nos Estados Unidos, seriam pouco
mais de três meses exclusivamente para pagamento de impostos.
Assim,
dá para entender o porquê de o cofundador do Facebook, o brasileiro
Eduardo Saverin, anunciar a renúncia à cidadania americana. O jovem
empresário brasileiro se mudou para os Estados Unidos em 1992 e se
tornou cidadão americano em 1998. Agora mora em Cingapura, para se ver
livre da carga que incide sobre os negócios.
A renda do
brasileiro comprometida com os impostos só fez aumentar nos últimos
anos, segundo o IBPT. Se em 2003, ele teve de destinar 36,98% de seu
rendimento bruto para pagamento de impostos. Em 2012, essa fatia subiu
para 40,98%. Em relação à década de 70, hoje se trabalha o dobro de
tempo para pagar tributação.
O contribuinte brasileiro paga
atualmente 63 tributos que incidem tanto sobre a renda, como o Imposto
de Renda, a contribuição previdenciária, quanto impostos embutidos nos
preços de produtos e serviços, como o ICMS e o IPI, além da tributação
do patrimônio (IPTU e IPVA), e taxas como limpeza pública, coleta de
lixo, emissão de documentos e iluminação pública.
— A arrecadação
tributária cresceu assustadoramente nos últimos anos e ainda temos que
trabalhar para prover o que o governo não fornece. Enquanto o governo
não fizer uma reforma que altere essa situação drasticamente, o quadro
não muda — afirma João Eloi Olenike, presidente do IBPT.
Em 2011,
só o governo federal tirou dos contribuintes quase R$ 1 trilhão em
forma de impostos, sem contar os tributos pagos aos governos estaduais e
municipais. A arrecadação das receitas federais teve um crescimento
real, com base no IPCA, de 10,1%. A carga tributária deve bater recorde
em 2011, chegando a 36,2% do PIB, segundo estimativas.
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